M - OPINIÕES SOBRE O XX ENCONTRO ANUAL EM MARIANA - 2011
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Parecia, pelo telefonema de Helvécio Trindade, que eu ia participar do encontro de ex-alunos como convidado para fazer uma palestra – ou um bate-papo – na tarde de 9 de julho. Viajei de São Paulo a Belo Horizonte com essa impressão, tantas eram as atenções e as facilidades que a AEXAM me ofereceu, da passagem de avião à oferta de hospedagem na Pousada Getsêmani. Poderia ter seguido de carro para o Seminário São José, mas preferi o ônibus da caravana que sairia do Terminal JK, imaginando aí uma excelente oportunidade para os primeiros contatos. E foi. - Sou seu conterrâneo de Jequeri, apresentou-se Sebastião Burgareli, que logo reconheci pelo sobrenome, de uma família de vizinhos de minha casa, na Rua Benedito Valadares.
Meia hora depois, eu me sentia bem integrado na turma, todos se identificando pelos anos de permanência em Mariana. Passei apenas nove meses no Seminário Menor, mas pude reconhecer, puxando a memória, contemporâneos mais velhos, mesmo que fossem do Salão dos Médios, com os quais eu, do Salão dos Pequenos, tinha pouco contato. Dom Barroso, bispo emérito de Oliveira, que reencontrei nas assembleias da CNBB em minhas coberturas de repórter atento à vida da Igreja, foi uma das surpresas melhores.
Do coquetel na chegada aos abraços de despedida, na tarde de domingo, não houve mais nenhuma dúvida de que eu estava ali como um colega a mais. A palestra na sessão lítero-vídeo-musical de sábado foi apenas uma modesta contribuição para o Encontro de 2011. Espero ter sido de algum proveito falar de minha experiência pessoal, lembrando os tempos de seminário – dez anos e meio, contando Mariana, Caraça e Petrópolis, de batina do primeiro ao último dia – e minha trajetória profissional.
Voltar a Mariana, cidade da qual nunca me afastei, foi uma alegria especial. Que Ouro Preto me perdoe, mas sempre gostei mais da terra de Maurílio Camêllo, colega de turma que me levou à amizade de seus pais e de seus numerosos irmãos, entre os quais o Roque, ali presente no Encontro. Raramente dou uma parada em Mariana, a meio caminho da capital para Jequeri, mas sempre mato a saudade de seu casario, mesmo olhando meio de longe.
Desta vez, foi mais que uma revisita. Andei a pé pelas ruas, conversando com o Maurílio, enquanto uma banda de música desfilava seus dobrados pelas pedras irregulares do calçamento, em direção ao seminário. Na missa na Catedral, manhã de domingo, senti a emoção das lembranças de 1951, quando os seminaristas – os menores e os maiores – enchiam os bancos da igreja nas cerimônias da Semana Santa.
Entramos em fila, os ex-alunos, cantando o Veni Creator em latim, letra e ritmo de repente recuperados pela memória, sem precisar de ensaio, como se o tempo não houvesse passado. A diferença foi a gente ocupar a galeria dos cônegos, pertinho do altar, de onde Dom Geraldo Lírio Rocha, meu arcebispo de agora – depois de Dom Helvécio, Dom Oscar e Dom Luciano – saudou os ex-alunos como se nós sempre fôssemos dali, rostos meio gastos, mas reconhecíveis, tamanha a nossa ligação com Mariana.
Voltar assim, 60 anos depois, foi uma graça de Deus. Rezei com o lazarista Padre Célio Dell’Amore, na abertura do Encontro no Seminário São José, meditei sobre todo esse passado na missa da Catedral e, ao visitar o túmulo de Dom Luciano Mendes de Almeida na cripta, tive a sensação de estar venerando um santo que, assim espero, não vai demorar a ser beatificado.
Não bastasse tudo isso, ainda tive a felicidade de reencontrar Viluca e Washington Thadeu de Mello, colegas da primeira turma do Curso de Jornalismo da Faculdade de Filosofia, da UFMG, em Belo Horizonte, em 1962. Pode ser presunção minha, mas quero acreditar que eles foram a Mariana, a convite de Helvécio Trindade, para me darem um abraço.
José Maria Mayrink é aexano e estudou no Seminário Menor de Mariana no ano de 1951.
Queremos parabenizar a equipe da AEXAM, responsável pela organização do XX Encontro dos Ex-Seminaristas, realizado nos dias 09 e 10 de julho, pela ótima acolhida e pelo sucesso do evento. Não é a primeira vez que participamos e, mais uma vez, achamos sensacional. Tudo foi minuciosamente bem organizado e se transcorreu na mais perfeita ordem e euforia. A alimentação contou com um cardápio farto, variado e delicioso. A sessão Lítero-Vídeo-Musical foi muito interessante, embora um pouco extensa. Ficamos felizes em termos uma participação especial e foi gratificante nos certificarmos de que muitos gostaram. A Missa, como sempre, foi linda e emocionante, com as músicas muito bem selecionadas. A participação maciça dos fiéis enriqueceu a cerimônia. O Encontro foi realmente fantástico e inesquecível! Pena que o tempo passou tão rápido! Esperamos que esses Encontros nunca sejam extintos e que melhorem a cada ano (se for possível). É uma grande alegria rever antigos amigos, matar a saudade do convívio, recordar os bons momentos, estreitar os laços com pessoas com as quais tínhamos pouco contato e fazer novas amizades. Nestes tempos de violência e tantos acontecimentos estarrecedores que presenciamos através da mídia, é muito reconfortante ver pessoas unidas pela alegria e pelo bom sentimento. Deixamos aqui os nossos mais sinceros agradecimentos a todos os colaboradores que trabalharam em prol deste evento, de modo especial a você, Helvécio, que, com muita competência e determinação, dá continuidade a este projeto tão bem aceito pelos participantes. Você, que esteve o tempo todo ao nosso lado, participou ativamente conosco, esbanjando a simpatia que lhe é peculiar, incentivando-nos e se preocupando em nos proporcionar agradáveis momentos de descontração, juntamente com sua esposa Rosana, grande anfitriã, que, com carinho e paciência, ficou à nossa disposição o tempo todo, dando-nos toda a assistência de que necessitamos e seu apoio incondicional. Nosso muito obrigado por tudo e até breve! Estaremos aguardando com ansiedade o nosso próximo Encontro. Que Deus abençoe a todos! Um cordial abraço, Wany e César (Escurinho)
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Queridos amigos!
Mirum somniavi somnium...
Realmente foi um sonho maravilhoso... Disso tenho certeza! Foram dois dias (09 e 10 de julho/2011) que me trouxeram à lembrança grandes momentos da juventude. Meus colegas, meus amigos... Não citarei nomes porque corro risco de omitir algum e ficaria feio pra mim... Entretanto a presença do Padre Célio Dell'Amore foi algo de extraordinário. De modo especial agradeço, na pessoa do Helvécio, a atenção e carinho de toda a equipe que nos recepcionou e nos causou tanta alegria e êxtase com esse encontro saudoso, fraterno e espiritual. Foi um acontecimento de recordação para se recordar!!!... Peço que Deus continue cumulando de bênçãos e proteção essa equipe maravilhosa. Estejam certos... Ano que vem estarei presente. Cordialmente, Aristóteles Maia (Tote).
*** Foi publicado...
“Dia de Minas” revive trajetória da velha Mariana – A cidade mineira de Mariana reviveu dia 16 de julho – Dia de sua padroeira, Nossa Senhora do Carmo - os vitoriosos passos de sua história, construída ao longo de 315 anos. As comemorações locais, inseridas nas celebrações do “Dia de Minas” (resultado de trabalho desenvolvido pela Casa de Cultura de Mariana), mais uma vez se deram em meio a reminiscências que levam a fatos marcantes não só da vida mineira, mas da conscientização política do País. A vila, que se transformou em um dos principais fornecedores de ouro para Portugal, deu eco também à fermentação libertária que levou à forca Tiradentes, com muitos de seus filhos diretamente envolvidos na conspiração.
Mariana foi primeira vila, primeira cidade e Capital de Minas Gerais, conquista esta em uma disputa por arrecadar maior quantidade de ouro para a Corte. Transformou-se em centro religioso do Estado, sediando o primeiro Bispado mineiro. Cidade mais antiga de Minas, Mariana foi tombada como Monumento Nacional. Possui, além da hospitalidade e do clima que remete a seu passado histórico, uma série de monumentos que justificam plenamente as milhares de visitas que recebe. Ao lado de Ouro Preto, Diamantina, São João Del Rei, Tiradentes, Sabará, Serro, Congonhas do Campo, a cidade de Mariana não pode ser esquecida quando se deseja conhecer bem de perto um pouco da história brasileira ou respirar os ares de um passado ainda presente em suas ladeiras, nas pedras de seu calçamento irregular, na velha cadeia, nas igrejas venerandas, no Ribeirão do Carmo e em seus Seminários.
AEXAM reunida
Bem a propósito, os Seminários de Mariana permanecem vivos e atuantes, embora adequados às condições dos novos tempos. Já não têm ex-inconfidentes como alunos ou ex-alunos, mas têm ainda muitos nomes ilustres no cenário religioso, político, intelectual e militar do País, que também passaram por seus bancos... A formação cristã e intelectual que, ao longo dos anos, propiciou a milhares de jovens de todo o Brasil, vem sendo lembrada anualmente, através da AEXAM – Associação dos Ex-Alunos dos Seminários de Mariana, como aconteceu ainda no último mês de julho.
Lá estive, mais uma vez, reencontrando colegas, rememorando fatos e, sobretudo, revivendo ensinamentos que o passar do tempo não conseguiu levar ao esquecimento. Acolhendo a todos, o atual reitor, padre Lauro Sérgio Versiani Barbosa, que classificou o encontro como “momento de oração, reflexão, partilha, convivência amiga”. Nesse reencontro, cerca de duzentos ex-alunos dos Seminários Menor e Maior, incluindo familiares, puderam trocar idéias, ouvir palestras e ver fortalecida a fé, especialmente na solene Missa de domingo, celebrada pelo Arcebispo Dom Geraldo Lyrio Rocha, ao som do velho e histórico órgão Arp Schnitger, da imponente Sé Catedral de Mariana.
No pátio do antigo Seminário Maior, o congraçamento em torno da fogueira
Entre os participantes desse XX Encontro, o ex-aluno e ex-Procurador Geral da República, Aristides Junqueira Alvarenga, e Luiz Flaviano Furtado, diretor geral da Secretaria de Estado do Esporte, Lazer e Juventude, de São Paulo, onde também já foi diretor de Turismo. À frente de tudo, o aexano Helvécio Trindade e a esposa Rosana.
Nota da redação: Este texto foi publicado no “News Letter” Diplomacia & Turismo de Antônio Claret de Rezende - Ano IV – Nº 194 Fone (41) 9129-3272 - Curitiba (PR), 5 de agosto de 2011.
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