Antônio Ribeiro Pinto (Padre) – Urucânia – Nasceu no dia 2 de abril de 1879, em Rio Piracicaba/MG, filho de uma escrava. Filho da escrava, porém Antônio nasceu livre, pois desde 28 de setembro de 1871, pela lei do Ventre Livre, ficou determinado que todo filho de escravos, à contar daquela data teria como prerrogativa o direito à liberdade. Dona Fábia Maria de Jesus, negra, escrava, fora mais uma das incontáveis vítimas de todas as vicissitudes e preconceitos da época. Talvez, em razão disto tenha entregado o pequeno Antônio aos cuidados de sua irmã Maria Augusta e seu marido, o músico José Monsueto de Oliveira, que não tinham filhos, e passaram a dedicar ao pequeno sobrinho deles a atenção que se dedica a um filho. Contava o pequeno Antônio com seis anos de idade quando veio de mudança para Abre Campo/MG, trazido pelos tios que o criavam e pela mãe biológica. Estando na cidade de Abre Campo, pôde cursar uma escola singular, quando aprendeu as primeiras letras, oportunidade em que começou a demonstrar sua vocação à vida sacerdotal, convivendo diariamente com as pessoas mais humildes, sempre alegre, despertando a virtude da bondade. Mandado para a cidade de Alvinópolis/MG, contando já com 21 anos, imbuído da vocação sacerdotal, Antônio Ribeiro Pinto começou seus estudos preliminares sob a orientação do Padre Antônio Nicolau, ficando na companhia deste por um ano. Vencida esta etapa, procurou o
Seminário de Mariana pedindo que o admitissem como simples empregado. Começou a trabalhar ali e recebeu o apoio do Superior, Padre Afonso Germe, quando lhe foi concedida uma permissão de dom Silvério Gomes Pimenta para ser admitido como seminarista. Enfrentou todas as dificuldades para se sustentar no Seminário, trabalhou muito para quitar seus compromissos com o estudo, resultado da soma da matrícula e mensalidades, médico, remédios, luz papel, tinta, botina, colchão etc. No dia 9 de abril de 1912, contando trinta e três anos de idade, ordenou-se Padre e celebrou sua primeira missa em Abre Campo, onde deixara grandes amigos e pessoas que o ajudaram financeiramente nesta caminhada. No dia 2 de fevereiro de 1947, deixou a vizinha paróquia de Santo Antônio do Grama, onde fora vigário 26 anos, e transferiu-se para Urucânia/MG. Em abril, chega o 1º caminhão procedente do Espírito Santo, da cidade de Castelo, trazendo aproximadamente 50 pessoas. A maior parte era alcoólatra, outros doentes e aleijados. Obtiveram a graça da cura e daí o início da romaria. Urucania jamais viu tamanha multidão, tamanha miséria física e moral. A cidade era pequena para suportar dez, quinze a vinte mil pessoas diariamente, todas ansiosas por um lenitivo ao menos aos seus grandes males: todos desejavam ver, falar, tocar em Padre Antonio. Muitas curas aconteceram e foram registradas por jornais, rádios e revistas do Brasil e do exterior, que mantinham correspondentes em Urucânia para acompanhar o Padre diariamente. A Rádio Nacional, naquele tempo a maior emissora de rádio do país, instalou na cidade seus aparelhos e passou a transmitir as bênçãos do Padre Antônio Pinto diariamente. Paralíticos andavam, cegos viam a luz do dia, surdos gritavam e choravam ao ouvirem os primeiros sons, deficientes mentais voltando à mais perfeita consciência, famílias inteiras gritando entre lágrimas, a multidão se acotovelando espantada com o espetáculo de fé e curas que assistia. O povo rezava, chorava e gritava: “milagre, milagre, milagre…”. Conta a história que muitos romeiros levavam fotos do Padre Antônio Pinto para serem bentas por ele e levadas como lembrança. Como ele jamais atribuiu a si próprio o poder de curar, gritava para os que levantavam a foto: “Tirem este bobo daí. Eu sou homem como vocês. Quem cura é Nossa Senhora das Graças. Se não tiverem fé, o melhor é não virem aqui.” Padre Antônio morreu no dia 22 de julho de 1963, antes de ver a sonhada construção do Santuário de Nossa Senhora das Graças em Urucânia.